29/08/2014 às 09:42:15 por Angélica Camargo

Esquizofrenia, um dos Mistérios da Mente.

Esquizofrenia, um dos Mistérios da Mente

Complexo e intrigante, transtorno atinge 1% da população mundial e figura na lista das 30 doenças de maior impacto social no planeta. Entenda o que é, seus sintomas e tratamento.

      As doenças mentais são cada vez mais comuns no Brasil e no mundo. Dados da Associação Brasileira de Psiquiatria apontam que 23 milhões de brasileiros, ou seja, 12% da população, precisam de algum atendimento em saúde mental. Destes, pelo menos 5 milhões sofrem com transtornos mentais graves e persistentes, como a esquizofrenia. Frequente e universal, a doença ainda é um dos mistérios da Medicina porque afeta o cérebro, o órgão mais complexo do nosso corpo, e pode se apresentar de várias formas. Delírios, alucinações, manias de perseguição e distanciamento afetivo são alguns sintomas do transtorno, que não faz distinção a povos, etnias, culturas ou classe sociais.

     Figurando na lista das 30 doenças de maior impacto social do planeta, a esquizofrenia atinge 1% da população mundial. A doença se manifesta geralmente no início da segunda década de vida.  Nos homens, em média, entre 20 e 25 anos de idade, e nas mulheres mais tarde, dos 25 aos 30 anos.

     Porém, em alguns casos, desde a infância é possível notar dificuldade de relacionamento e aprendizagem nesses indivíduos.

 

     No Brasil, surgem de 30 a 50 novos casos por ano em cada 100 mil habitantes.    Em Apucarana, dos cerca de 300 pacientes em tratamento no Centro de Atendimento Psicossocial InfantoJuvenil (CAPSi), 13 possuem a hipótese diagnóstica de esquizofrenia. A unidade acolhe a demanda de transtornos mentais severos e persistentes, além de casos de uso de álcool, crack e outras drogas, dos 17 municípios abrangidos pela 16ª Regional de Saúde.

Entenda a doença

     A psiquiatra Amanda Angélica Peres Minikowski, que presta atendimento no CAPSi de Apucarana, diz que a esquizofrenia é uma doença mental e a principal representante do grupo dos transtornos psicóticos. ‘’ É universal, complexa e tem muitas dimensões. Seu início tende a ocorrer desde o período de gestação e os sintomas psiquiátricos surgem até a vida adulta, uma vez que o cérebro está em constante neurodesenvolvimento. No processo de amadurecimento, o cérebro vai tomando forma e as manifestações da doença variam devido aos fatores genéticos e ambientais envolvidos, constituindo os diferentes tipos de esquizofrenia que conhecemos hoje’’, observa.

    Admite-se, atualmente, a existência de várias causas que concorrem entre si para o aparecimento da esquizofrenia. Como exemplos, ela cita agravos físicos e psicológicos na gestação, no pós-parto e na primeira infância; o ambiente; o histórico familiar da doença e de outros transtornos mentais (genética); e mais recentemente a possibilidade de uso de sustâncias ilícitas, como a maconha. Para a psiquiatra Valentim Gentil Filho, professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a droga pode aumentar em até 310% o risco de esquizofrenia quando consumida uma vez por semana na adolescência.

   ‘’ Oficializar a maconha no Brasil seria o mesmo que abrir uma fábrica de esquizofrênicos’’, disse ele, em recente entrevista à imprensa ‘’.

Sintomas-   Amanda explica que, resumidamente, os sintomas da esquizofrenia podem ser classificados em dois tipos: positivos e negativos. No primeiro caso, ocorrem os delírios (percepções deturpadas da realidade) e as alucinações (alterações nas percepções dos sentidos, como audição, visão, paladar, olfato e tato). Os sintomas negativos, segundo ela, são caracterizados por alterações de comportamento, como apatia e isolamento social, indiferença emocional, dificuldade de expressar emoções e empobrecimento do conteúdo do pensamento.  ‘’ Em alguns casos também pode haver perda de funções cognitivas com o passar do tempo ’’, cita.

 

     O diagnóstico, conforme a psiquiatra, é estritamente clínico e baseia-se nas experiências relatadas pelo próprio paciente e em anormalidades no comportamento informadas por familiares, amigos ou colegas de trabalho, seguindo de avaliação e acompanhamento clínico. ‘’ Por meio dos exames solicitados é possível descartar outras doenças, o que reforça a diagnóstico da esquizofrenia’’, diz

Como lidar com o transtorno

    A psiquiatra Amanda Minikowski diz que o reconhecimento precoce da esquizofrenia é bastante difícil. Alguns sintomas a serem observados, embora insuficientes, seriam isolamento social; indiferença em relação aos sentimentos dos outros; perda das relações sociais que mantinha; períodos de hiperatividade e inatividade; dificuldade de concentração, chegando a impedir o prosseguimento nos estudos; dificuldade de tomar decisões e de resolver problemas comuns; preocupações não habituais com ocultismo, esoterismo e religião; hostilidade, desconfiança e medos injustificáveis; reações exageradas às reprovações dos parentes e amigos; deterioração da higiene pessoal; viagens ou desejo de viajar para lugares sem propósito específicos; reações emocionais não habituais; falta de expressões faciais; afirmações irracionais; comportamento estranho; abandono das atividades usuais; risos imotivados; e abuso de álcool ou drogas.

   Vale ressaltar, porém, que nenhum desse sintomas, por si, comprova a doença mental. ‘’ São sinais de alerta que exigem avaliação dos profissionais de saúde ‘’, reforça a psiquiatra. Um surto psicótico, por exemplo, pode ter outras causas, sendo a esquizofrenia apenas uma delas. ‘’ Para melhor definição é necessário a consulta e o acompanhamento psiquiátricos, com a realização exames, para diagnóstico diferencial, e exclusão do uso de substâncias psicoativas ‘’, reforça.

 

    ‘’ Os obstáculo surgem em decorrências dos sintomas negativos e cognitivos, que devem ser tratados constantemente por meio das intervenções psicossociais‘’, conclui Amanda.

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