20/02/2015 às 08:52:38 por Angélica Camargo

Educação em que acertamos? Em que erramos?

Educação em que acertamos? Em que erramos?

A proposta de uma educação humanizada é defendida por educadores do mundo todo. Mas em que consiste essa humanização? Como anda a educação no Brasil?

Maxi in Educação– Que atitudes práticas precisam ser tomadas para o favorecimento da humanização?

Nunes– Humanizar é, para mim, um sinônimo de aprender; o mesmo que existir. A condição humana é aprendida, não é pronta ou predeterminada. Não nascemos ‘’homens’’ ou ‘’pessoas’’. Somos educados, somos feitos, somos de certa forma produzidos para a condição humana. Nesse sentido, a proposta que tenho levado pelo Brasil é o ‘’educar como processo  de humanização’’. As atitudes práticas da escola humanizada são o acolhimento de cada pessoa, a valorização de cada estudante e a superação das formas autoritárias, meritocráticas, competitivas (no que essas formas têm de excludentes) e repressivas que perduram em nossa tradição educacional. Humanizar é valorizar a identidade pessoal, a história de vida de cada criança, promovendo a integração entre as áreas e garantindo a tolerância, a diversidade, a autonomia e a alegria de viver e conviver.

Maxi in Educação – Que tipo de cultura prevalece nas escolas?

Nunes – A nossa cultura e tradição escolar são de natureza autoritária, assim como foi nossa experiência política: colonial, patriarcal, machista, adultista... Assim também é nossa escola.

Autoridade ética e afetiva nasce da condição de ‘’autoria’’ de sua prática educacional, de sua formação de sua forma de ensinar. Todo professor deverá exercer sua autoridade como autor de sua docência, de sua formação profissional, de sua identidade pública.

Autoritarismo é o conjunto de práticas que identificamos como resquício das ações colonialista, de cima para baixo, ditatoriais, inflexíveis, que permanecem nas escolas e nas práticas dos educadores. Educar para a tolerância, para o planejamento coletivo, para a avaliação emancipatória, para condutas de igualdade e de reciprocidade é a forma de constituir uma nova autoridade, essencialmente humana e propositiva.

Maxi in Educação - Há muitas dificuldades que podem desmotivar o professor. O que diria aos docentes?

Nunes – Professor é aquele que professa!

Professa a fé na vida, a fé na pessoa humana, a fé no que virá. Eu gosto de dizer que o professor é um ‘’Esticador de Horizontes’’, a linda metáfora do poeta Manoel de Barros. Não me esqueço da afirmação de Paulo Freire, do qual tive a honra de ser aluno: ‘’Professor’’ é aquele que professa. Assim como profeta. ‘’Professor’’ e ‘’Profeta’’ vêm da mesma raiz, mas se eu pudesse comparar o professor com o profeta eu diria que o professor é maior do que o profeta. Pois o profeta prevê o futuro, mas o professor já o constrói com as crianças, os adolescentes e os jovens sentados diante de si!’’. Claro que ser profeta, em sentido lato, é mais que ‘’Ver o futuro antes’’, mas esse é o aspecto que queremos comparar aqui.

                                                                                          César Nunes - Professor da UNICAMP.

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